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quarta-feira, 18 de março de 2009

Apelido em carro também pega

Se a aparência do carro chamou atenção, se o modelo é diferente e traz referência a algum personagem, uma lembrança coletiva, pronto: ele é candidato a ganhar um apelido. A história está cheia de casos de carros que ficaram conhecidos pelo apelido. O mais notável dos apelidos foi o Fusca, assim batizado pelo mercado, o Volkswagen 1300. Muitos anos depois, com o apelido já consagrado, a fábrica acabou adotando o Fusca como nome oficial.

Outro Volkswagen muito conhecido pelo apelido foi o modelo quatro portas 1.6. Aproveitando o sucesso do personagem do diretor de cinema José Mojica Marins, o carro passou a ser chamado de Zé do Caixão. O artista inclusive tinha um modelo que levava o seu nome, preto, é claro.

A partir de 1979 o Fusca ganhou lanternas grandes na traseira; a ligação do público com os bustos avantajados da cantora Fafá de Belém foi imediata e o carro ganhou o nome dela. A cantora ganhou R$ 350 mil de indenização da montadora pelo uso não autorizado de seu nome em um anúncio do ano 2000 do modelo New Beetle, a decisão foi tomada no último dia 28 de setembro.

A Volks resolveu colocar teto solar no Fusca e aí o povo denominou o modelo de Cornowagen, uma brincadeira de que o proprietário traído precisava de uma abertura no teto para acomodar os "chifres". Em 1993 o então presidente da República Itamar Franco tentou ressuscitar o carro que havia parado de ser fabricado no Brasil. Assim que ele ressurgiu nas ruas o brasileiro logo o apelidou de Fusca Itamar.

O Fusca teve ainda o apelido de Pé-de-boi, dado a uma versão mais simples do carro. O nome Pé-de-boi passou a designar qualquer carro básico, desprovido de equipamentos.

Besourão foi o apelido do Fusca quando ele ficou maior. Quando o carro invadiu o mercado de táxi, era chamado de Táxi Mirim e o taxista era obrigado a retirar o banco da frente do passageiro para facilitar a entrada e a saída dos ocupantes, pois o carro só tinha duas portas e assim ele não podia transportar mais do que dois passageiros, não fazendo concorrência com os carros maiores. O preço da corrida no táxi mirim era bem mais barato.

Em 1962 era fabricada a picape Chevrolet apelidada de Marta Rocha, nome da miss Brasil da época. O apelido foi carinhosamente recebido por causa das lanternas salientes do modelo.

A Fiat colocou no mercado o primeiro carro a álcool, o 147, em 1979. Carro movido a álcool só podia ter um apelido e foi logo chamado de Cachacinha. Mas o Fiat que teve o apelido mais conhecido foi o Uno, chamado de Botinha Ortopédica, pelo formato do carro.

A Kombi, era algumas vezes comparada com o pão de forma e por isso chamado de Pão Pullman, apelido que também foi gentilmente cedido à perua Towner.
Na década de 50 surgiram os carros com duas cores, uma na parte de cima, outra na parte de baixo, principalmente os Chevrolet e as Kombi. Passaram a ser chamados de Saia e Blusa.
O Dauphine foi um automóvel criado pela montadora francesa Renault em 1956. A versão brasileira foi fabricada nos anos de 1959 e 1967 e por ter uma suspensão projetada para as estradas européias, causou uma série de problemas nas precárias estradas brasileiras da época, e a fragilidade logo rendeu ao carro uma má fama junto ao público brasileiro. Foi quando surgiu o apelido Leite Glória, baseado na publicidade da época do leite em pó instantâneo que tinha como slogan a frase "Desmancha sem bater".
O apelido de Belo Antônio foi dado ao Simca Chambord (1959), que apesar do visual interessante e motor V8 não tinha um rendimento brilhante. Quer dizer: era bonito, mas impotente, assim como o personagem de Marcelo Mastroiane. Apesar disso o Simca Chambord foi imortalizado como a viatura do patrulheiro Carlos Miranda, protagonista de O Vigilante Rodoviário, nome do primeiro seriado da TV brasileira.
O Passat Iraque foi a versão produzida para exportação para aquele país, que acabou sendo colocada no mercado interno. Tinha quatro portas (versão de carroceria rara na época) e interior com forração e bancos na cor vinho.
Alguns carros, de alto consumo, também não escapavam dos gentis apelidos. O Opala com motor de seis cilindros, lançado em 1971, ficou conhecido popularmente como Seis Canecos.

A versão reestilizada do Monza, em 1991, passou a ser Monza Tubarão, por causa da frente, com uma grade que lembra o peixe.

As reestilizações do Gol também ganharam apelidos. Em 1991 a Volks mudou o farol, que ficou mais esticado. Bastou este detalhe para ser chamado de Gol Chinesinho. Quando o carro ganhou as novas linhas, arredondadas, em 1995, passou a ser chamado de Gol Bolinha.

Outro apelido que ficou famoso e é lembrado até hoje foi o Rabo de Peixe, dado a uma versão com traseira alongada do Impala, carro da Chevrolet nos anos 50. E o Escort Sapão foi apelido do Escort, da Ford, fabricado de 93 a 96.
Mais recentemente a S10 e a Blazer foram apelidadas de Pit Bull. O motivo foi a mudança da frente dos veículos, que ficou mais achatada, lembrando a cara da raça do cachorro. Outro cachorro, personagem famoso, deu o nome ao Doblò. O carro da Fiat, assim como os demais furgões para passageiros - com formato quadrado e capota alta - são conhecidos como Carro do Pateta.

Quem tem carro velho, que normalmente vive dando problema de mecânica, deve ter ouvido alguém se referir a ele como Jabiraca, que segundo o Dicionário Aurélio, significa roupa velha, malfeita.

Os apelidos surgem principalmente entre vendedores que os usam para diferenciar as versões. Pelo apelido eles identificam imediatamente o modelo, o ano de fabricação, a versão. A imaginação não tem limites para facilitar a comunicação e atravessam gerações com as lembranças deixadas.

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