Um carro que falava por ele
Mujica não apenas dirigia seu Fusca; fazia dele um manifesto. Enquanto
presidente, escolheu permanecer em sua casa simples e nunca pisou no palácio,
usando seu Volkswagen Beetle — um modelo brasileiro 1987 — para deslocar-se. Foi
a própria figura que disse: “Nunca poderíamos vendê-lo, pois ofenderíamos os
amigos que se juntaram para dá-lo”. A oferta por aquele carro era surreal: um
sheik árabe chegou a propor US$ 1 milhão — oferta recusada por Mujica, que via
naquele automóvel mais do que metal e tinta: via histórias de vida e um pacto
com seus valores. Em 2014, até logo durante sua gestão, o diplomata mexicano
ofereceu trocar dezenas de caminhonetes 4×4 pelo Fusca. Mais uma vez, Mujica
disse não — e seguiu dirigindo o carro, um constante lembrete de que poder não é
sinônimo de ostentação.
O Fusca como extensão de sua filosofia
Para Mujica, aquele Fusca representava mais do que mobilidade: era ideia. Era
romper com o consumismo, esbanjar se uma ofensa coletiva e falar sobre tempo,
sobre o valor de ser, não de ter. Durante sua presidência, ele destinava 90 % de
seu salário a causas sociais e com o Fusca, mostrava coerência total. E não era
apenas carro: era parte da família. O Fusca transportou amigos, visitantes, e
até seu cachorro Manuela, em momentos simples, mas profundos.
Legado que vai além do capô
Mujica não deixou apenas leis progressistas: legalizou o aborto, o casamento
igualitário e o consumo de cannabis. Mas é o Fusca que inspira. Ele mesmo dizia:
"a riqueza é tempo, não dinheiro" Ao volante de um carrinho antigo, ele estava
entregando seu tempo — e fazendo disso um exemplo global.
Em memoriam — para os apaixonados por automóveis
Aos entusiastas de carros que buscam performance, estética ou narrativas
fascinantes, a história de Mujica nos lembra que veículos contam histórias — não
apenas números de cavalos ou troféus. Cada peça, cada quilômetro, cada escolha
reflete um pouco de quem somos. Portanto, caros amantes do volante: • Celebrem
os Fuscas, os clássicos, os tunados e os antigos; • Abracem os valores que podem
carregar junto à bagagem no porta-malas — solidariedade, modéstia, propósito; •
Dirijam trilhando estradas de consciência, sabendo que, às vezes, o carro fala
por nós. Que a memória de Pepe Mujica acelere nossos corações — e mantenha o
motor da humanidade vivo. 🛠️❤️
Comentários