Pepe “El Pueblo” Mujica e seu inseparável Fusca azul







José “Pepe” Mujica, ex-guerrilheiro tupamaro, presidente do Uruguai entre 2010 e 2015 e reconhecido mundialmente por viver de maneira austera, faleceu em 13 de maio de 2025, aos 89 anos, em sua chácara em Montevidéu, vítima de câncer de esôfago agravado. Deixou um legado de humanidade, coerência e simplicidade. E, acima de tudo, um símbolo que encantava multidões e universos automotivos: seu Fusca azul de 1987. 

Um carro que falava por ele Mujica não apenas dirigia seu Fusca; fazia dele um manifesto. Enquanto presidente, escolheu permanecer em sua casa simples e nunca pisou no palácio, usando seu Volkswagen Beetle — um modelo brasileiro 1987 — para deslocar-se. Foi a própria figura que disse: “Nunca poderíamos vendê-lo, pois ofenderíamos os amigos que se juntaram para dá-lo”. A oferta por aquele carro era surreal: um sheik árabe chegou a propor US$ 1 milhão — oferta recusada por Mujica, que via naquele automóvel mais do que metal e tinta: via histórias de vida e um pacto com seus valores. Em 2014, até logo durante sua gestão, o diplomata mexicano ofereceu trocar dezenas de caminhonetes 4×4 pelo Fusca. Mais uma vez, Mujica disse não — e seguiu dirigindo o carro, um constante lembrete de que poder não é sinônimo de ostentação. 

O Fusca como extensão de sua filosofia Para Mujica, aquele Fusca representava mais do que mobilidade: era ideia. Era romper com o consumismo, esbanjar se uma ofensa coletiva e falar sobre tempo, sobre o valor de ser, não de ter. Durante sua presidência, ele destinava 90 % de seu salário a causas sociais e com o Fusca, mostrava coerência total. E não era apenas carro: era parte da família. O Fusca transportou amigos, visitantes, e até seu cachorro Manuela, em momentos simples, mas profundos. 

Legado que vai além do capô Mujica não deixou apenas leis progressistas: legalizou o aborto, o casamento igualitário e o consumo de cannabis. Mas é o Fusca que inspira. Ele mesmo dizia: "a riqueza é tempo, não dinheiro" Ao volante de um carrinho antigo, ele estava entregando seu tempo — e fazendo disso um exemplo global. 

Em memoriam — para os apaixonados por automóveis Aos entusiastas de carros que buscam performance, estética ou narrativas fascinantes, a história de Mujica nos lembra que veículos contam histórias — não apenas números de cavalos ou troféus. Cada peça, cada quilômetro, cada escolha reflete um pouco de quem somos. Portanto, caros amantes do volante: • Celebrem os Fuscas, os clássicos, os tunados e os antigos; • Abracem os valores que podem carregar junto à bagagem no porta-malas — solidariedade, modéstia, propósito; • Dirijam trilhando estradas de consciência, sabendo que, às vezes, o carro fala por nós. Que a memória de Pepe Mujica acelere nossos corações — e mantenha o motor da humanidade vivo. 🛠️❤️



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