Antes de iniciar sua carreira como piloto profissional, Nelson Piquet viveu uma adolescência colorida em Brasília. Seu pai, Estácio Gonçalves de Souto Maior, foi Ministro da Saúde no governo João Goulart e, já no início dos anos 60, Piquet se mudou com a família para o Planalto Central. Naquela cidade que ainda formava sua identidade, o futuro tricampeão começou a participar de rachas e a conheceu o mundo das oficinas, que o atraiu desde o princípio.
Nesse fase de sua vida, Piquet viveu várias aventuras. Uma das mais famosas ocorreu durante o Carnaval de 1970 e está relatada em seu livro "Eu me lembro muito bem". Naquela época, Piquet tinha só 18 anos, mas resolveu pular o Carnaval sozinho no Recife. A bordo de um velho Fusca, já que não tinha dinheiro para comprar uma passagem de avião, ele cumpriu os 2.220 km da viagem emtre Brasília e Recife em estradas mal pavimentadas e intermináveis.
Apesar das dificuldades, chegou a tempo para curtir o Carnaval. O problema seria a viagem de volta. "Depois de muito frevo, maracatu e namoro, chegou o momento de retornar para Brasília no meu Fusca, sozinho. Quando estava a mais ou menos uns 100 km de Feira de Santana, quebrou o que depois descobri ser a válvula de escape do terceiro cilindro. Por sorte, o pistão era forjado, de qualidade, e ficou intacto. Parei o carro num areal à beira da estrada, peguei minha caixa de ferramentas e comecei o serviço", conta Piquet.
O pit stop mais demorado que Piquet já fez
O trabalho todo, em suas palavras, foi uma "verdadeira operação cirúrgica". Após tirar toda a lataria que atrapalhava o motor, Piquet soltou os parafusos, levantou o carro no macaco e puxou o motor devagarinho, sem tirá-lo do eixo primário. Então, virou o motor noventa graus, de modo que o cabeçote danificado ficasse voltado para cima, soltou a peça, colocou-a debaixo do braço e pegou um ônibus até Feira de Santana, deixando o Fusca parado no areal.
Em Feira de Santana, Piquet comprou uma válvula nova, fez os reparos necessários numa retífica, montou tudo de novo e pegou outro ônibus para voltar ao carro. Infelizmente, o ônibus da volta parava em todas as cidades do caminho e Piquet levou uma eternidade até chegar ao carro. Enfim, encontrou o Fusca e seguiu viagem. O pit stop completo, incluindo uma hora para desmontar o motor, outra com a viagem de ida, três para fazer o conserto, quatro para a viagem de volta e mais uma para "pôr tudo no lugar", durou cerca de nove horas.
O golpe nos frentistas
Com o Fusca em ordem, Piquet já tinha um veículo para retornar a Brasília, mas ficara sem dinheiro para encher o tanque de combustível. A solução foi "partir para a contravenção". "Fazia assim: passava por um posto, ia mais à frente, fazia a volta para parecer que estava indo para o Nordeste e entrava no posto. Punha gasolina e, na hora de pagar, pedia para o frentista ir pegar uma lata de óleo, logo ali pertinho, lá na parede do fundo do posto. Quando o solícito frentista ainda estava de costas, eu entrava no carro e ia embora", revela Piquet.
Na sequencia, ele andava cerca de 10 minutos, fazia meia-volta e seguia o rumo. Piquet conta que executou o "truque" três vezes e parava sempre quando ainda tinha um quarto de combustível. "Assim, se fosse pego, ainda teria um restinho de dinheiro para pagar". Depois de tudo, Piquet chegou em casa são e salvo, mas cometeu um erro que lhe custaria caro.
O castigo do Ministro
Mais fácil é deixar Piquet contar como aconteceu: "Como a juventude é sempre cheia de arrombos, achei por bem me vangloriar do malfeito. Em casa, à mesa de jantar, para mostrar a minha esperteza, relatei o fato de boca cheia. Enquanto contava minha bravata, minha mãe de cabeça baixa, meu pai de olhos cada vez mais espantados. Encerrei a narrativa com um floreio, dizendo que ainda tinha gasolina bastante para voltar quase até o Recife. E então meu pai disse: 'Pois é isso mesmo que você vai fazer agora'".
Castigado pelo pai, o ex-Ministro da Saúde, Piquet foi obrigado a fazer o caminho de volta e pagar toda a gasolina que havia roubado. E assim, duas semanas depois, o futuro piloto cumpriu sua penitência, pedindo desculpas e acertando as contas. Nada que tenha abalado o espírito de Piquet. "Até hoje, tenho muitos amigos pela estrada afora", garante o tricampeão.
Nesse fase de sua vida, Piquet viveu várias aventuras. Uma das mais famosas ocorreu durante o Carnaval de 1970 e está relatada em seu livro "Eu me lembro muito bem". Naquela época, Piquet tinha só 18 anos, mas resolveu pular o Carnaval sozinho no Recife. A bordo de um velho Fusca, já que não tinha dinheiro para comprar uma passagem de avião, ele cumpriu os 2.220 km da viagem emtre Brasília e Recife em estradas mal pavimentadas e intermináveis.
Apesar das dificuldades, chegou a tempo para curtir o Carnaval. O problema seria a viagem de volta. "Depois de muito frevo, maracatu e namoro, chegou o momento de retornar para Brasília no meu Fusca, sozinho. Quando estava a mais ou menos uns 100 km de Feira de Santana, quebrou o que depois descobri ser a válvula de escape do terceiro cilindro. Por sorte, o pistão era forjado, de qualidade, e ficou intacto. Parei o carro num areal à beira da estrada, peguei minha caixa de ferramentas e comecei o serviço", conta Piquet.
O pit stop mais demorado que Piquet já fez
O trabalho todo, em suas palavras, foi uma "verdadeira operação cirúrgica". Após tirar toda a lataria que atrapalhava o motor, Piquet soltou os parafusos, levantou o carro no macaco e puxou o motor devagarinho, sem tirá-lo do eixo primário. Então, virou o motor noventa graus, de modo que o cabeçote danificado ficasse voltado para cima, soltou a peça, colocou-a debaixo do braço e pegou um ônibus até Feira de Santana, deixando o Fusca parado no areal.
Em Feira de Santana, Piquet comprou uma válvula nova, fez os reparos necessários numa retífica, montou tudo de novo e pegou outro ônibus para voltar ao carro. Infelizmente, o ônibus da volta parava em todas as cidades do caminho e Piquet levou uma eternidade até chegar ao carro. Enfim, encontrou o Fusca e seguiu viagem. O pit stop completo, incluindo uma hora para desmontar o motor, outra com a viagem de ida, três para fazer o conserto, quatro para a viagem de volta e mais uma para "pôr tudo no lugar", durou cerca de nove horas.
O golpe nos frentistas
Com o Fusca em ordem, Piquet já tinha um veículo para retornar a Brasília, mas ficara sem dinheiro para encher o tanque de combustível. A solução foi "partir para a contravenção". "Fazia assim: passava por um posto, ia mais à frente, fazia a volta para parecer que estava indo para o Nordeste e entrava no posto. Punha gasolina e, na hora de pagar, pedia para o frentista ir pegar uma lata de óleo, logo ali pertinho, lá na parede do fundo do posto. Quando o solícito frentista ainda estava de costas, eu entrava no carro e ia embora", revela Piquet.
Na sequencia, ele andava cerca de 10 minutos, fazia meia-volta e seguia o rumo. Piquet conta que executou o "truque" três vezes e parava sempre quando ainda tinha um quarto de combustível. "Assim, se fosse pego, ainda teria um restinho de dinheiro para pagar". Depois de tudo, Piquet chegou em casa são e salvo, mas cometeu um erro que lhe custaria caro.
O castigo do Ministro
Mais fácil é deixar Piquet contar como aconteceu: "Como a juventude é sempre cheia de arrombos, achei por bem me vangloriar do malfeito. Em casa, à mesa de jantar, para mostrar a minha esperteza, relatei o fato de boca cheia. Enquanto contava minha bravata, minha mãe de cabeça baixa, meu pai de olhos cada vez mais espantados. Encerrei a narrativa com um floreio, dizendo que ainda tinha gasolina bastante para voltar quase até o Recife. E então meu pai disse: 'Pois é isso mesmo que você vai fazer agora'".
Castigado pelo pai, o ex-Ministro da Saúde, Piquet foi obrigado a fazer o caminho de volta e pagar toda a gasolina que havia roubado. E assim, duas semanas depois, o futuro piloto cumpriu sua penitência, pedindo desculpas e acertando as contas. Nada que tenha abalado o espírito de Piquet. "Até hoje, tenho muitos amigos pela estrada afora", garante o tricampeão.
SRZD
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