Dá para imaginar um mercado que não tem valores definidos para seus produtos? Essa é a situação com a qual se depara quem pensa em comprar um carro antigo. Muitas vezes, um modelo com preço estipulado em cerca de 10 mil reais, por exemplo, pode chegar a custar o dobro disso, ou até mais. É que o sentimento do proprietário em relação a esses automóveis geralmente acaba falando mais alto.
Para ser considerado antigo, o carro precisa ter sido fabricado há mais de 30 anos, e os itens dele têm de ser todos originais. Para receber a placa preta do Detran, identificando o modelo como um clássico de coleção, o veículo passa por uma avaliação feita por clubes particulares. “Se alguém quiser ter seu Fusca reconhecido como antigo, tem de levá-lo a um grupo organizado de colecionadores do carro”, explica Romeu Siciliano, proprietário da loja e oficina RS Automóveis Antigos.
Já a definição do preço é bem mais subjetiva. Vale muito mais um modelo que está com pintura e estofamento originais, por exemplo. E algumas vezes não adianta gastar muito dinheiro com restauração. “Acontece sempre de a pessoa colocar 40 mil reais em um carro, e o valor dele continuar sendo de 20 mil”, conta Romeu.
Segundo o empresário, a maioria dos proprietários de automóveis antigos só vende um item de sua coleção quando precisa muito de dinheiro. “É por isso que não dá para ter uma tabela de referência de preços, acaba sendo uma negociação livre.”
Mesmo desconsiderando o valor sentimental, o preço desses carros também varia muito. Ícones dos anos 70, como o Landau, podem custar de 15 mil a 30 mil reais, se estiverem em excelente estado de conservação. Já a Variant e a Kombi, da mesma década, chegam a valer até 15 mil reais. No entanto, “é preciso ter em conta que esses não são carros difíceis de se encontrar”, afirma Romeu. “Eles não podem ser comparados a um clássico dos anos 40.”
Quanto mais velho for o carro, mais vai aumentando a diferença de preço entre um modelo conservado e um mais “batido”. Um Impala conversível, assim como um Ford sedan, ambos fabricados na década de 60, podem custar de 50 mil a 100 mil reais.
E qual será o carro considerado caro? “Aquele que a pessoa não pode comprar”, responde Romeu. “Se tiver condições e vontade de gastar, o cliente vai achar até barato.” O vendedor conta que alguns fregueses procuram modelos até mesmo pela placa, por eles terem pertencido a seu pai ou avô. Neste caso, muitos não medem esforços para satisfazer a vontade de ter aquele automóvel de estimação de volta às mãos da família.
Eduardo Toledo, diretor administrativo de uma empresa de cobrança, comprou na semana passada um Landau ano 1983. Por ter apenas 23 anos, o carro ainda não é considerado antigo, mas já tem história suficiente para ser um item de coleção. Ele foi fabricado a pedido do então presidente do Brasil, João Baptista Figueiredo, com diversos itens personalizados. O brasão da República está estampado ao lado do vidro lateral traseiro, e os bancos dianteiros são divididos em dois, e não inteiriços, como no modelo original.
Na negociação, Eduardo colocou seu Puma GTS de 1980 como parte de pagamento e deu mais 15 mil reais. Valeu a pena? “Claro, eu já estava procurando um carro desse tipo e, com essa história que ele tem, fiquei encantado.” No entanto, o modelo não está conservado como seu novo proprietário gostaria. O estofamento do carro já está um pouco deteriorado.
Eduardo considera-se um apaixonado por automóveis antigos, mas não um colecionador. “Tenho apenas meia dúzia de carros na garagem.” Entre eles, um Fusca 1976, que foi de seu pai, um Jeep Willys 1951, uma pick up do exército, de 1953, e um outro Puma, este de 1974. Todos estão com placas pretas. Além de seu mais recente investimento, ele tem uma Belina ano 1980 ainda sem a placa que identifica o carro como antigo. “Mas já está quase lá, faltam apenas quatro anos.”
O próximo carro do executivo deve ser um Karmann Ghia. “Mas eu ainda não estou procurando, porque senão eu vou achar e não vou ter condições de comprar.” Segundo ele, gastar dinheiro com carros antigos é uma doença, “quando você começa, não pára mais”.
Na garagem da loja, localizada no bairro do Sacomã, normalmente ficam expostos cerca de 80 carros. Somados aos que estão à mostra no show room, na avenida dos Bandeirantes, a coleção ultrapassa os 100 modelos.
Uma vez por mês, Romeu também abre as portas do Museu do Automóvel de São Paulo, que foi fundado por ele há sete anos e fica no Ipiranga. “O papel do museu é cultivar o público que vai comprar carros antigos daqui a 20 anos”, explica Mônica Siciliano, filha de Romeu e diretora da entidade. Com mais de meia década de existência, a casa já tem mostrado alguns frutos. “Hoje muitas crianças vão até lá e ficam impressionadas, pois acham que esses veículos não existem, só aparecem em filmes.”
Mesmo assim, para Mônica, muita gente ainda não respeita a história desses automóveis. “Pessoas chegam aqui e acham um absurdo pagar por um carro antigo o mesmo que investiriam em uma Cherokee.”
De acordo com a administradora, o importante é que, de dez anos para cá, mais gente tem dado atenção a esse mercado. “Empresários e artistas estão procurando bastante esses carros”, conta. A expansão tem feito com que os automóveis não fiquem apenas nas mãos dos velhos colecionadores. “Essa é a evolução pela qual estamos trabalhando.”
Serviço:
RS Automóveis Antigos
Show Room: Avenida dos Bandeirantes nº 5051 - Planalto Paulista
Fone: (11) 5533-0877
Loja e Oficina: Av. Almirante Delamare nº 85 - Sacomã
Fone: (11) 6914-7357
http://www.rs-autosantigos.com.br/
Museu do Automóvel de São Paulo
Rua 1822 nº 1.472 - Ipiranga
Fone: (11) 6168-1900
http://www.museudoautomovelsp.com.br/
Auto Informe
Para ser considerado antigo, o carro precisa ter sido fabricado há mais de 30 anos, e os itens dele têm de ser todos originais. Para receber a placa preta do Detran, identificando o modelo como um clássico de coleção, o veículo passa por uma avaliação feita por clubes particulares. “Se alguém quiser ter seu Fusca reconhecido como antigo, tem de levá-lo a um grupo organizado de colecionadores do carro”, explica Romeu Siciliano, proprietário da loja e oficina RS Automóveis Antigos.
Já a definição do preço é bem mais subjetiva. Vale muito mais um modelo que está com pintura e estofamento originais, por exemplo. E algumas vezes não adianta gastar muito dinheiro com restauração. “Acontece sempre de a pessoa colocar 40 mil reais em um carro, e o valor dele continuar sendo de 20 mil”, conta Romeu.
Segundo o empresário, a maioria dos proprietários de automóveis antigos só vende um item de sua coleção quando precisa muito de dinheiro. “É por isso que não dá para ter uma tabela de referência de preços, acaba sendo uma negociação livre.”
Mesmo desconsiderando o valor sentimental, o preço desses carros também varia muito. Ícones dos anos 70, como o Landau, podem custar de 15 mil a 30 mil reais, se estiverem em excelente estado de conservação. Já a Variant e a Kombi, da mesma década, chegam a valer até 15 mil reais. No entanto, “é preciso ter em conta que esses não são carros difíceis de se encontrar”, afirma Romeu. “Eles não podem ser comparados a um clássico dos anos 40.”
Quanto mais velho for o carro, mais vai aumentando a diferença de preço entre um modelo conservado e um mais “batido”. Um Impala conversível, assim como um Ford sedan, ambos fabricados na década de 60, podem custar de 50 mil a 100 mil reais.
E qual será o carro considerado caro? “Aquele que a pessoa não pode comprar”, responde Romeu. “Se tiver condições e vontade de gastar, o cliente vai achar até barato.” O vendedor conta que alguns fregueses procuram modelos até mesmo pela placa, por eles terem pertencido a seu pai ou avô. Neste caso, muitos não medem esforços para satisfazer a vontade de ter aquele automóvel de estimação de volta às mãos da família.
Eduardo Toledo, diretor administrativo de uma empresa de cobrança, comprou na semana passada um Landau ano 1983. Por ter apenas 23 anos, o carro ainda não é considerado antigo, mas já tem história suficiente para ser um item de coleção. Ele foi fabricado a pedido do então presidente do Brasil, João Baptista Figueiredo, com diversos itens personalizados. O brasão da República está estampado ao lado do vidro lateral traseiro, e os bancos dianteiros são divididos em dois, e não inteiriços, como no modelo original.
Na negociação, Eduardo colocou seu Puma GTS de 1980 como parte de pagamento e deu mais 15 mil reais. Valeu a pena? “Claro, eu já estava procurando um carro desse tipo e, com essa história que ele tem, fiquei encantado.” No entanto, o modelo não está conservado como seu novo proprietário gostaria. O estofamento do carro já está um pouco deteriorado.
Eduardo considera-se um apaixonado por automóveis antigos, mas não um colecionador. “Tenho apenas meia dúzia de carros na garagem.” Entre eles, um Fusca 1976, que foi de seu pai, um Jeep Willys 1951, uma pick up do exército, de 1953, e um outro Puma, este de 1974. Todos estão com placas pretas. Além de seu mais recente investimento, ele tem uma Belina ano 1980 ainda sem a placa que identifica o carro como antigo. “Mas já está quase lá, faltam apenas quatro anos.”
O próximo carro do executivo deve ser um Karmann Ghia. “Mas eu ainda não estou procurando, porque senão eu vou achar e não vou ter condições de comprar.” Segundo ele, gastar dinheiro com carros antigos é uma doença, “quando você começa, não pára mais”.
Na garagem da loja, localizada no bairro do Sacomã, normalmente ficam expostos cerca de 80 carros. Somados aos que estão à mostra no show room, na avenida dos Bandeirantes, a coleção ultrapassa os 100 modelos.
Uma vez por mês, Romeu também abre as portas do Museu do Automóvel de São Paulo, que foi fundado por ele há sete anos e fica no Ipiranga. “O papel do museu é cultivar o público que vai comprar carros antigos daqui a 20 anos”, explica Mônica Siciliano, filha de Romeu e diretora da entidade. Com mais de meia década de existência, a casa já tem mostrado alguns frutos. “Hoje muitas crianças vão até lá e ficam impressionadas, pois acham que esses veículos não existem, só aparecem em filmes.”
Mesmo assim, para Mônica, muita gente ainda não respeita a história desses automóveis. “Pessoas chegam aqui e acham um absurdo pagar por um carro antigo o mesmo que investiriam em uma Cherokee.”
De acordo com a administradora, o importante é que, de dez anos para cá, mais gente tem dado atenção a esse mercado. “Empresários e artistas estão procurando bastante esses carros”, conta. A expansão tem feito com que os automóveis não fiquem apenas nas mãos dos velhos colecionadores. “Essa é a evolução pela qual estamos trabalhando.”
Serviço:
RS Automóveis Antigos
Show Room: Avenida dos Bandeirantes nº 5051 - Planalto Paulista
Fone: (11) 5533-0877
Loja e Oficina: Av. Almirante Delamare nº 85 - Sacomã
Fone: (11) 6914-7357
http://www.rs-autosantigos.com.br/
Museu do Automóvel de São Paulo
Rua 1822 nº 1.472 - Ipiranga
Fone: (11) 6168-1900
http://www.museudoautomovelsp.com.br/
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Um comentário:
O pai de meu amigo faleceu....e agora já passado uns dosi anos eles resolveram vender o "Fusca 1966" que era dele. O Fusca é totalmente original, super conservado, cor vinho, ele foi o único dono, era militar. Os familiares moram há uns 90km da capital do estado do Pará. Voce poderia nos ajudar a entrar em contato com alguem do ramo, que possa nos orientar (com honestidade) em relação ao assunto. Ficarei muito agradecida.
Nosso contato: Regina (091) 8812-0115, 3086-6184.
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