sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Piquet e a inesquecível viagem ao Carnaval do Recife de Fusca

Antes de iniciar sua carreira como piloto profissional, Nelson Piquet viveu uma adolescência colorida em Brasília. Seu pai, Estácio Gonçalves de Souto Maior, foi Ministro da Saúde no governo João Goulart e, já no início dos anos 60, Piquet se mudou com a família para o Planalto Central. Naquela cidade que ainda formava sua identidade, o futuro tricampeão começou a participar de rachas e a conheceu o mundo das oficinas, que o atraiu desde o princípio.

Nesse fase de sua vida, Piquet viveu várias aventuras. Uma das mais famosas ocorreu durante o Carnaval de 1970 e está relatada em seu livro "Eu me lembro muito bem". Naquela época, Piquet tinha só 18 anos, mas resolveu pular o Carnaval sozinho no Recife. A bordo de um velho Fusca, já que não tinha dinheiro para comprar uma passagem de avião, ele cumpriu os 2.220 km da viagem emtre Brasília e Recife em estradas mal pavimentadas e intermináveis.

Apesar das dificuldades, chegou a tempo para curtir o Carnaval. O problema seria a viagem de volta. "Depois de muito frevo, maracatu e namoro, chegou o momento de retornar para Brasília no meu Fusca, sozinho. Quando estava a mais ou menos uns 100 km de Feira de Santana, quebrou o que depois descobri ser a válvula de escape do terceiro cilindro. Por sorte, o pistão era forjado, de qualidade, e ficou intacto. Parei o carro num areal à beira da estrada, peguei minha caixa de ferramentas e comecei o serviço", conta Piquet.

O pit stop mais demorado que Piquet já fez

O trabalho todo, em suas palavras, foi uma "verdadeira operação cirúrgica". Após tirar toda a lataria que atrapalhava o motor, Piquet soltou os parafusos, levantou o carro no macaco e puxou o motor devagarinho, sem tirá-lo do eixo primário. Então, virou o motor noventa graus, de modo que o cabeçote danificado ficasse voltado para cima, soltou a peça, colocou-a debaixo do braço e pegou um ônibus até Feira de Santana, deixando o Fusca parado no areal.

Em Feira de Santana, Piquet comprou uma válvula nova, fez os reparos necessários numa retífica, montou tudo de novo e pegou outro ônibus para voltar ao carro. Infelizmente, o ônibus da volta parava em todas as cidades do caminho e Piquet levou uma eternidade até chegar ao carro. Enfim, encontrou o Fusca e seguiu viagem. O pit stop completo, incluindo uma hora para desmontar o motor, outra com a viagem de ida, três para fazer o conserto, quatro para a viagem de volta e mais uma para "pôr tudo no lugar", durou cerca de nove horas.

O golpe nos frentistas

Com o Fusca em ordem, Piquet já tinha um veículo para retornar a Brasília, mas ficara sem dinheiro para encher o tanque de combustível. A solução foi "partir para a contravenção". "Fazia assim: passava por um posto, ia mais à frente, fazia a volta para parecer que estava indo para o Nordeste e entrava no posto. Punha gasolina e, na hora de pagar, pedia para o frentista ir pegar uma lata de óleo, logo ali pertinho, lá na parede do fundo do posto. Quando o solícito frentista ainda estava de costas, eu entrava no carro e ia embora", revela Piquet.

Na sequencia, ele andava cerca de 10 minutos, fazia meia-volta e seguia o rumo. Piquet conta que executou o "truque" três vezes e parava sempre quando ainda tinha um quarto de combustível. "Assim, se fosse pego, ainda teria um restinho de dinheiro para pagar". Depois de tudo, Piquet chegou em casa são e salvo, mas cometeu um erro que lhe custaria caro.

O castigo do Ministro

Mais fácil é deixar Piquet contar como aconteceu: "Como a juventude é sempre cheia de arrombos, achei por bem me vangloriar do malfeito. Em casa, à mesa de jantar, para mostrar a minha esperteza, relatei o fato de boca cheia. Enquanto contava minha bravata, minha mãe de cabeça baixa, meu pai de olhos cada vez mais espantados. Encerrei a narrativa com um floreio, dizendo que ainda tinha gasolina bastante para voltar quase até o Recife. E então meu pai disse: 'Pois é isso mesmo que você vai fazer agora'".

Castigado pelo pai, o ex-Ministro da Saúde, Piquet foi obrigado a fazer o caminho de volta e pagar toda a gasolina que havia roubado. E assim, duas semanas depois, o futuro piloto cumpriu sua penitência, pedindo desculpas e acertando as contas. Nada que tenha abalado o espírito de Piquet. "Até hoje, tenho muitos amigos pela estrada afora", garante o tricampeão.
SRZD

quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

FUSCA - Motores

Elisio Tiúba retrata Brasil em Fusca

A idéia de pintar um fusca surgiu há mais de dois anos e se concretizou depois de cinco anos de aprimoramento de uma técnica adquirida graças às pinturas feitas sobre pranchas de surf e vários objetos.

Utilizando canetas de tinta acrílica, que possibilitam uma variedade muito grande de cores e movimentos fundamentais para o desenvolvimento artístico, foram gastas 250 horas de trabalho, distribuídas em quatro meses e com a utilização de 67 canetas.
Acreditando nas curvas, formas e no carisma do fusca, resolvi retratar o Brasil no carro em que acredito que tenha marcado diversas gerações e continua sendo uma paixão para diversos colecionadores.

O carro alemão foi desenvolvido para uso popular e foi essa popularidade que fez do fusca ser admirado como uma obra de arte.

Depois de muitas viagens pelo mundo em busca de ondas, sempre acompanhado do meu caderno de esboços e minhas adoráveis canetinhas, percebi que pintando as cidades ou paisagens sobre minhas próprias pranchas de surf, conseguia atrair a atenção de uma grande legião de curiosos.

O fato é que, praticamente todas as cidades que visitei, eu já havia registrado e pintado em pranchas de surf. Essas serviram para treinar e aprender a adaptar meus desenhos em superfícies curvas.

A emoção que tive ao concluir a minha obra servirá para alegrar muitos ou poucos, que um dia sonharam em fazer algo com paixão e amor pela arte.
Waves

sábado, 24 de janeiro de 2009

Nas curvas de um Fusca

"Nada mais se parece com um automóvel do que um Volkswagen", dizia meu saudoso avô Gumercindo, que podia afirmar isso com propriedade. Afinal, nasceu em fins do século XIX e assistiu de camarote, a evolução da indústria automobilística mundial.

Seu primeiro automóvel, como ele se referia aos carros, foi um Ford T, mas, certamente, ele já teve um Fusquinha em sua garagem, meu pai também, meus tios e tantos outros conhecidos, que seria impossível citar todos neste espaço.

Criado por Ferdinand Porsche, o Fusca surgiu na Alemanha, em 1938, para se tornar o "carro do povo", como já estava previsto na escolha de seu nome. No Brasil, chegou importado, em 1950, e nove anos depois, com a instalação da fábrica de Anchieta, no Estado de São Paulo, ganhou linha de montagem própria. Até hoje, depois de 50 anos da primeira unidade inteiramente nacional - o que ocorreu em 3 de janeiro de 1959 - um modelo bem conservado, daqueles "brilhando" e todo original é motivo para um desviar de atenção. O número de clubes que reúnem fãs do Fusca não me deixam mentir.

Nesta semana, no último dia 20, data que se comemorou O Dia Nacional do Fusca, nossas homenagens são para o pioneiro de toda uma geração. Um tributo a um guerreiro que tem muitas histórias para contar. O primeiro carro de milhões de brasileiros merece ser reverenciado por tudo que ele representou em nossas vidas. Foram produzidos, no Brasil, 3,1 milhões de unidades do Fusca e muitas delas ainda rodam inteiras e valentes pelos mais distantes pontos do país. Além de fazer parte da história de nossa economia, que tem na indústria automobilística seu principal vagão como gerador de renda. Incontáveis são os que aprenderam a dirigir ao volante de um Fusca (inclusive eu) e tantas outras pessoas iniciaram namoros, dentro do carro, que podem até ter chegado ao altar.

O besouro, de tão próximo, parecia um membro da família. Nenhum filme enfocando automóveis fez tanto sucesso como "Se Meu Fusca Falasse", onde o carro foi humanizado na figura de Herbie, nome dado ao Fusquinha, protagonista da trama e que se tornou um herói. Perseguiu e prendeu os fora da lei, promoveu encontros românticos e, claro, no final sempre feliz de Hollywood, separou os bandidos dos mocinhos para seguir seu caminho. São tantas as histórias sobre o Fusca, que por aqui ele comoveu até políticos, quando, a pedido pessoal do então presidente Itamar Franco teve, em 1994, sua linha de produção reativada.

Por mais dois anos, ele voltou a sair zero km da fábrica e essa safra é hoje motivo de cobiça para os colecionadores. O México foi o último país do mundo a encerrar a produção do modelo, e aí então, o Fusca saiu de linha passando a fazer parte da história. Portanto, não poderia ser de outra forma que quando a VW encerrou sua fabricação publicou essa mensagem: "Às vezes, o avanço tecnológico de uma empresa não está no que ela faz, mas no que ela deixa de fazer". Viva ao besouro!
By Raimundo Couto

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Shopping promove encontro de Fuscas

O aniversário de 50 anos de produção do Fusca no Brasil continua recebendo comemorações. Uma delas será no próximo domingo, dia 25, quando cerca de 500 proprietários de Fuscas têm um encontro marcado no estacionamento do shopping Metrópole, em São Bernardo do Campo, São Paulo. O 'Encontro de Fuscas' é promovido pelo Fusca Clube do Brasil e acontece das 9h às 14h.

Além dos 'fusquinhas', alguns derivados do modelo também estarão expostos, como VW Brasília, Variant e Karmann-Ghia. Para conhecer os antigos de perto, basta levar dois quilos de alimentos não perecíveis, que serão doados à Secretaria de Desenvolvimento Social e Cidadania do município.

Encontro de Fuscas

Data: 25 de janeiro
Horário: 9h as 14h
Entrada: 2 kg de alimentos não perecíveis
Local: Estacionamento do shopping Metrópole (praça Samuel Sabatini, 200, São Bernardo do Campo, SP)

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Comprando um Fusca usado

O Fusca tem uma das mais antigas e complexas histórias da nossa indústria.

Lançado no Brasil oficialmente em 1959, com motor 1200 de 36 cv e sistema elétrico de seis volts, já há muito vinha sendo importado da Alemanha.

Inicialmente era montado aqui e, gradativamente, passou a ser nacionalizado, até se tornar um dos maiores fenômenos de venda nesse país.

Foram 3.321.251 unidades vendidas entre 1959 e 1986, quando a produção foi interrompida pela primeira vez, e entre 1993 e 1996, quando foi finalizada definitivamente.

É muito difícil enumerar todas as mudanças que o modelo sofreu em toda a sua história, mas o fato é que houve algumas marcantes, como a introdução do câmbio com primeira marcha sincronizada (1961), introdução do motor de 1,3 litro e do sistema elétrico de 12 volts (1967), a mudança de pára-lamas e pára-choques, além de novo interior (1970), o Fuscão 1500 (1970), a mudança de furação de rodas e a introdução da saída de ventilação nas laterais traseiras (1973), o primeiro Fusca com motor 1.600, o "Bizorrão" (1.600 S, 1974), a mudança de posição do tanque e das maçanetas externas da porta (1978), o Fafá, com suas lanternas traseiras maiores (1979), o novo painel de instrumentos de plástico e com velocímetro retangular (1982), a série especial I Love Fusca (1984) e o fim da produção, com modelos numerados individualmente (1986).
Após uma imensa comoção nacional pelo anúncio do fim da produção, na qual o Fusca foi homenageado até mesmo pelas concorrentes, em 1993 ele volta – a pedido do então presidente Itamar Franco – para ser produzido até 1996, com pneus radiais, uma saída lateral de escape, ausência de frisos cromados nas laterais, bancos de Gol e motor 1.600 carburado a álcool ou gasolina.

Na hora de comprar um Fusca

O Fusca tem alguns pontos que devem ser observados independentemente de seu ano, como a folga na polia traseira, vazamentos no motor junto aos cabeçotes, vazamento de compressão do motor pelos cabeçotes, estado da junção da carroceria com o chassi na dianteira, a qual conta com o apoio de uma peça denominada "chapéu de Napoleão" (devido ao formato) e que frequentemente apodrece, estado da parte dianteira sob o estepe, estado da carroceria sob o tanque de combustível, estado das colunas das portas junto ao assoalho, folga na caixa de direção (direção muito dura indica que a caixa está apertada demais, ou "estrangulada", o que faz com que não volte sozinha à posição central após curvas), apenas para citar os principais.
Hoje o Fusca é cada vez mais tratado como relíquia e a tendência é que modelos originais valham cada vez mais.

De qualquer forma, um Speed com carroceria antiga e motorização moderna também tem seu público certo.

Boa sorte!

Meu Fusca no Dia Nacional do Fusca

Ontem 20 de Janeiro foi o Dia Nacional do Fusca, e como não poderia deixar passar em branco, foi também o dia do meu Fusca.

Fusca esse que deu origem a esse BLOG.

Pela manhã levei-o para o salão de beleza para uma geral com direito a tudo, lavagem geral, polimento, aspiração, hidratação dos bancos e outros mimos.

Já durante a noite saímos para comemorar a data. Antes de encher o meu tanque (bebedeira), tratei de encher o tanque do meu MELHOR AMIGO, já que nossas bebidas são diferentes.

Aproveitei e bati umas fotos dele no seu bar predileto (posto de gasolina).


terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Volks comemora o Dia Nacional do Fusca

Nesta terça-feira (20), a Volkswagen comemora o Dia Nacional do Fusca, que, no último dia 3 janeiro, também completou 50 anos desde que começou a ser produzido no Brasil. Desde então, até 1996, o Volkswagen Sedan, como era chamado antes de ganhar o apelido, vendeu 3,1 milhões de unidades só em solo brasileiro.

Importado da Alemanha até 1959 (para ser montado no Brasil, pois vinha no sistema CKD), a linha de produção do Fusca passou para a Anchieta e, a partir daí, conquistou o consumidor.

Foram 24 anos de liderança (entre 1959 e 1982) no mercado, que pode ser creditada, principalmente, pela mecânica robusta e de fácil manutenção. Perdendo fôlego na concorrência com veículos mais modernos, o Gol incluído entre eles, o modelo foi descontinuado em 1986, para voltar a ser produzido sete anos depois, por solicitação de Itamar Franco, presidente do Brasil na época.

O Dia Nacional do Fusca foi instituído pela Volks no final da década de 80 e, desde 1996, faz parte do calendário oficial de eventos da Prefeitura de São Paulo.

Hoje é o Dia Nacional do Fusca (Minas)


20/01/2009

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

50 anos do Fusca no Brasil

Há cinquenta anos, um grupo de pioneiros fabricou o primeiro “Volkswagen de Passageiros” nacional.

Uma história sem um registro claro, ofuscada pela posterior inauguração da fábrica, envolta em mitos e que merece ser lembrada por todos...
Olhar para 50 anos atrás não é uma tarefa simples, principalmente quando praticamente não restaram registros fidedignos de detalhes, somente um relato básico da seqüência dos acontecimentos. Mas este é o desafio diuturno de quem procura resgatar fatos históricos. Uma das coisas que é imprescindível é olhar para o passado com os olhos e o sentimento da época. De nada vale pensar em condições atuais, com fábricas amplamente automatizadas, limpas e providas de toda a infra-estrutura necessária, para avaliar o que ocorreu na incipiente “fábrica” da Volkswagen do Brasil no fim da década de 50.

Fazendo uma linha de tempo, lembramos que a Segunda Guerra Mundial terminou em 1945, o que era para ser a fábrica do Volkswagen de Passageiros (naquele tempo o apelido Käfer na Alemanha, muito menos o apelido Fusca no Brasil, haviam sido criados) se resumia a escombros fumegantes depois de prolongados ataques aéreos que só pouparam, cirurgicamente, a usina térmica do complexo industrial. Somente seis anos depois do fim da guerra, em 1951, a Brasmotor já montava Sedans a partir de CKD’s. Oito anos depois do fim da guerra, em 1953 a Volkswagen se estabelecia como empresa no Brasil, ainda trabalhando com CKD’s, inicialmente num galpão alugado na Rua do Manifesto, no bairro do Ipiranga, em São Paulo Capital. Três anos depois, 1956, começa a construção da fábrica na Anchieta em São Bernardo do Campo, um ano depois, em setembro, sai o primeiro veículo Volkswagen nacional, uma perua Kombi. E somente 14 anos depois do fim da guerra saiu o primeiro Volkswagen de Passageiros nacional, em 3de janeiro de 1959. Algo realmente admirável para uma empresa totalmente destruída e que contou com a ajuda da Força de Ocupação Inglesa e de recursos carreados pelo Plano Marshall para seu soerguimento. A partir deste ponto vamos deixar um pouco o rigor histórico de lado e passaremos a nos referir ao “Volkswagen de Passageiros” como “Fusca”.
A fábrica no início de sua construção já em 1956 tinha uma ala “em condições” que permitiram a transferência da linha de montagem da Rua do Manifesto para a Anchieta, mas, na realidade estas “condições” eram muito precárias. Relatos de pioneiros da época do início da fabricação de Fuscas nacionais reportam que, por exemplo, os escritórios sofriam muito em dias de chuva devido ao barro do canteiro de obras; em dias secos o flagelo era o pó e, pior ainda, todo o ambiente era infestado por ratos e ratazanas, tornando o trabalho bastante penoso.

Ainda não foi possível encontrar uma foto do primeiro Fusca fabricado na linha de montagem, semelhante àquela da Kombi 00001 – fica lançado o repto para a procura deste documento histórico. Foi feita uma pesquisa na Volkswagen do Brasil e ai se verificou que, infelizmente se veicula há muito tempo fotos de carros com vigias traseiras ovais (que foram fabricados até 1958) como sendo carros 1959. Este é um dos mitos errados propalados pela própria montadora em livros e publicações internas e externas, mas está em tempo de reconduzir os fatos a suas origens corretas.

Nosso primeiro Fusca nacional já saiu com a vigia traseira retangular marcando uma das mudanças importantes no visual do carro, que de duas janelinhas até 53 primeira série passou para oval na segunda série deste ano, vigia esta que durou até 1958; a vigia retangular permaneceu, mas foi aumentando em área com o tempo.
Foi feito contato com o Museu da Volkswagen na Alemanha (Dr. Ulrike Gutzmann - Historische Kommunikation - Volkswagen Aktiengesellschaft), igualmente sem sucesso. Por lá não há material sobre o primeiro Fusca brasileiro.

Ocorre que todo o esforço de marketing foi concentrado pela Volkswagen do Brasil para a inauguração da Fábrica que ocorreu no dia 18 de novembro de 1959 (talvez assunto para outro artigo). Deste evento há fotos e registros, mas o mesmo ofuscou o registro histórico da fabricação do primeiro carro, ocorrido meses antes.

Adiante foi encontrada na edição de 24 de janeiro de 1959 deste jornal uma nota que fala sobre a então insipiente produção do Fusca Nacional, somente 20 carros por dia. A ampliação desta quantidade dependia do término de construção de outras alas da fábrica.

Mas o fato histórico ora pesquisado ocorreu no dia 3 de janeiro de 1959: ficou pronto o primeiro “Volkswagen de Passageiros” fabricado com um grau da nacionalização de 54%. Seis dias depois este carro era vendido pela concessionária Marcas Famosas, que junto à Brasilwagen, Cibramar, Bruno Tress e Sabrico fazia parte do grupo de revendedores autorizados Volkswagen (ainda não se falava de Concessionárias) na capital de São Paulo.
Esta relação fazia parte de um anúncio veiculado na página 2 da seção Assuntos Gerais da Folha da Manhã em sua edição de 7 de janeiro de 1959. O mote deste anúncio era: “Hoje nas estradas do Brasil VOLKSWAGEN BRASILEIRO”. Este carro foi vendido ao senhor Eduardo Andrea Matarazzo. O encontro deste anúncio foi o que resultou da pesquisa feita junto ao Banco de Dados do Grupo Folha.

Realmente o início da fabricação do Fusca nacional foi tudo menos algo glamuroso, foi na verdade uma tarefa de heróis anônimos, enfrentando dificuldades inimagináveis nos dias de hoje, sem esmorecer, abrindo o caminho para uma gloriosa trajetória de um carro que afirmo, ainda é necessário para países do terceiro e quarto mundo.

Em recente notícia divulgada pela imprensa de São Paulo a venda de Fuscas, obviamente usados, ultrapassou a venda de carros novos! Segundo notícia recente veiculada pela imprensa em 9 de dezembro de 2008: por incrível que pareça, o VW Fusca foi o sexto modelo mais vendido do ranking dos carros usados emplacados em novembro (que inclui veículos com até 30 anos de uso), divulgado pela Fenabrave (Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores), com um total de 15.894 unidades.

Transpondo esta situação para rincões distantes deste gigantesco país continente, onde as estradas ainda são precárias e um carro confiável, robusto e de manutenção simples e conhecida é uma necessidade, vemos como o Fusca ainda é vital para muitos usuários que fazem de tudo para mantê-lo andando. Há casos em que o uso do Fusca é levado até a extremos, como foi flagrado em Barcelos que fica no Rio Negro no coração da Amazônia. Lá existia um único carro que um dia foi um Fusca, e mesmo com a falta de peças, serviu à comunidade por muitos anos!

Acho que a trajetória que se seguiu anos a fio, durante a qual o Fusca trouxe felicidade e progresso para milhões de Brasileiros, pois foram produzidos mais de três milhões de carros no Brasil, é muito bem retratada numa propaganda cujo mote é: “Qual é a posição social do dono deste carro? (e uma foto mostra um Fusca)” segue-se um texto que é uma obra prima:

O tempo em sua desabalada carreira leva as pessoas inevitavelmente ao esquecimento, mormente nos dias de hoje quando o tempo parece encurtar-se ante à avalanche de tarefas que caem sobre nossos ombros. Ai é que se torna importante dar uma parada de vez em quando para lembrar de fatos importantes que marcaram nossas vidas e o progresso de nosso país. O início da fabricação do Fusca nacional foi um destes fatos que este artigo tem como objetivo lembrar e preservar para o futuro.
Alexander Gromow - Ex-Presidente do Fusca Clube do Brasil. Autor do livro EU AMO FUSCA e compilador do livro EU AMO FUSCA II. Autor de artigos sobre o assunto publicados em boletins de clubes e na imprensa nacional e internacional. Participou do lançamento do Dia Nacional do Fusca e apresentou o projeto que motivou a aprovação do Dia Municipal do Fusca em São Paulo. Lançou o Dia Mundial do Fusca em Bad Camberg, na Alemanha. Historiador amador reconhecido a nível mundial e ativista de movimentos que visam à preservação do Fusca e de carros antigos em geral. Participou de vários programas de TV e rádio sobre o assunto.
www.maxicar.com.br